quinta-feira, 14 de novembro de 2013

O quê vi no FIQ 2013? - segundo dia

O que dizer do segundo dia de festival? Bem, não participei de nenhuma palestra, mas acabei aproveitando pra conversar com Marcos Noel, autor das tirinhas de Gie Kim. Aproveitei e comprei o livro de tirinhas dele (com dedicatória). Aliás, falando de Gi e Kim, sábado tem sessão de autógrafo com o autor.





   
Se você insiste...

Como disse, gosto mais de ver o trabalho dos editores independentes. Essa turma rala muito e inova muito também. São eles que arriscam e tentam mesmo um lugar ao Sol. Nesse FIQ, tivemos uma boa distinção entre esses produtores, mas uma coisa é clara: os webcomics tomaram conta dos dois primeiros dias. Encabeçados pelo Um Sábado Qualquer (CarlosRuas) e Mentirinhas (Fábio Coala), o estande dos webcomics é, de longe, o mais disputado. São livros, posters, canecas, lembrancinhas, camisas e pelúcias (essas com selo do Inmetro e de qualidade incontestável). E não são apenas quatro autores não. Temos muitos autores de internet, Wesley Samp, com seus Os Levados da Breca, é outro que se junta ao estande da Webcomics in da House. E isso, com certeza é o trunfo desse estande. Com tantos autores conhecidos do público reunidos num único estande, acaba alavancando suas vendas e a publicidade do material. Muitos leitores até marcaram de encontrar com os autores via Facebook e Twitter e acabam conversando com eles. E cada um mais prestativo que outro.

Pandemônio é outro estande que só vive lotado. Muitas artes gráficas de qualidade também. Confesso que hoje não me dediquei muito ao estande porque acabei me atendo às conversas com Marcos Noel, Wesley Samp, Carlos Ruas e demais da Webcomics in da House. Gastei uma graninha lá também, afinal, é um FIQ, é óbvio que irei pegar algumas (muitas) coisas. Não consegui favorecer todos, mas adquiri um livro de Gi e Kim, um Buteco dos Deuses, uma caneca com ilustração do Wesley Samp entre outras coisas.

  
Box do Card Game Mercenary Crusade
Outro produtor que me chamou atenção foi a Kaplan Project Comics. Eles foram os únicos que trouxeram algo realmente fora do senso comum. Além das tradicionais revistas, trouxeram pro evento um card game baseado em sua webcomic. Ousaram. E é isso que me faz querer dar um tratamento há mais nesse post. Mercenary Crusade (jogo baseado na webcomic homônima) é de fácil aprendizado, com um sistema simples de combate, podendo ser jogado por até quatro jogadores simultâneos. O deck é completo, ou seja, não precisa se preocupar com cartas raras e compras futuras. São 130 cards com 12 fichas de personagens. Tenho que admitir que sou muito fã de jogos de tabuleiro e card games e, talvez, por isso tenha me chamado tanta atenção.


Como muitos sabem, é a terceira edição que não participo trabalhando no FIQ. E nesses três eventos, venho coletando material que seja a cara do FIQ daquele ano. A regra básica é ser de baixo custo e ser de algum produtor independente. Sendo assim, entra pra minha “coleção” do FIQ. Ainda me arrependo de não ter feito isso nos eventos passados, mas nunca é tarde pra começar. Ano passado foi Jesus Rocks. Uma HQ muito divertida e bem trabalhada, cheia de referências do universo Rock' n Roll. Custava R$5,00 e, ainda hoje, é possível encontrá-la no evento de 2013, com o mesmo valor do evento anterior. Mas o porquê dessa explicação? Bem, Mercenary Crusade me fez quebrar uma regra: o baixo custo. O jogo custa R$40,00, mas vale cada centavo. Acreditem, é simples, divertido e tem a cara do 8º FIQ. É um card game baseado em uma webcomic e só por isso já me chamou atenção. No post anterior, eu falei da felicidade que tive ao ver a galera da Webcomics in da House com tantos admiradores e alguns até com dedicação exclusiva ao seu trabalho. Por isso eu digo: vale a pena conferir o trabalho da Kaplan Project Comics. Se não estiver disposto a gastar muito, tem outros trabalhos deles, igualmente primorosos, como uma série de tirinhas de Jason e Fred Kruger, no melhor estilo Happy Tree Friends, entre outros mais. Dos produtores independentes, são os que têm maior diversidade de material próprio.



Do outro lado desses produtores independentes, temos os desenhistas e quadrinistas da “old school” (por assim dizer). Muito material impresso bacana, muita pegada de fantasia e aí vemos uma outra distinção entre esses produtores. Enquanto as webcomics possuem características cartoons e chargistas, os “zines” têm (em sua maioria) um apelo mais comics mesmo, ou graphic novels. Acho que esses merecem um capítulo à parte, talvez no domingo eu entre em mais detalhe. E não é por enrolação não, é pra me dedicar mesmo a falar deles com mais cuidado e respeito. Afinal, as webcomics estão aprendendo a andar. Ainda tem chão pra percorrer, enquanto seus antecessores, com toda a experiência de vida, nos ensinam a nunca esquecermos nossas origens de crítica, humor, inovação, coragem pra correr riscos e cometer erros. Em resumo, experimentação. É disso que falamos quando nos referimos aos produtores independentes. É o fugir do senso comum, como Allan Moore e Warren Ellis fazem, sem medo.

Bom, esse foi o segundo dia do 8º FIQ pra mim. E espero que, se ainda não foram, aproveitem esse feriado e se divirtam no FIQ. Gastem tempo, conversem com seus autores favoritos, conheçam outros produtores e não esqueçam de incentivar a produção desse material. Afinal, é com o retorno que vocês dão que se torna possível todo esse mundo.

Eu, Marcos Noel e Gisele Noel

O quê vi no FIQ 2013? – primeiro dia

Mais um FIQ. O oitavo pra ser mais exato. Evento que acontece a cada dois anos em BH, reunindo diversos autores independentes e convidados nacionais e internacionais, como Erika Awano, Marcelo Cassaro, Ivan Reis entre outros.

Laerte
Laerte Coutinho
Esse ano, o 8º FIQ homenageia Laerte e seus trabalhos fantásticos, tais como Piratas doTietê. Não vou me ater ao “palco principal”, mesmo porquê existem veículos que se dedicam quase que exclusivamente à isso. Durante esses cinco dias, tentarei trazer o máximo de informações que as mídias especializadas não trarão (será que consigo?). Tentarei registrar momentos únicos, peças e conversas com publicadores independentes, além de um ou outro bate-papo com gente que é a cara do FIQ.

Por hoje, vou deixar um relato do que vi no primeiro dia e acho que deu pra entender um pouco também do rumo que o universo de quadrinhos está tomando no Brasil.

O primeiro ponto a favor do 8º FIQ foi a sua organização. Eu, que já trabalhei nas cinco primeiras edições, não vi (ou não percebi) desespero dos voluntários e/ou organizadores e, se conseguiram esconder isso, meus parabéns. Logo na entrada, temos um balcão com atendentes tranquilos (talvez porque não estivesse lotado, afinal, era uma bela de uma quarta-feira) que estavam super prestativos.

Família Coala
Mentirinhas - Fábio Coala
Os estandes são pequenos. Na verdade, minúsculos. Fiquei com dó da galera do Webcomics in da House que, além de estarem num espaço 3x4,5m (+/-13m²), ainda foram o estande mais visitado. Das 6 horas que fiquei no FIQ (ontem), não vi sossego pra eles. Estande altamente disputado. Carlos Ruas e Fábio Coala foram os mais requisitados (consegui bater um papo com eles, mas isso eu deixarei pra outro post). Mesmo assim, a atmosfera estava legal. Cheio de gente pedindo autógrafos, tietagem... Sim. Tivemos tietes no esta
nde da Webcomics.


Garage kit Green Lantern: Rebirth
Em contra partida, vi editoras como Devir e Panini com estandes do mesmo tamanho dos independentes e com poucos visitantes. A Comix também esteve presente, lotada com edições de mangás e comics que não achamos mais em bancas e livrarias, além de garage kits (um deles eu quase comprei, mas tive que me segurar, senão não teria grana pro resto do evento e pros presentes da minha noiva). A Comix estava lotada e seu estande era um dos maiores do evento (mesmo assim, bem enxuto, perto dos anos anteriores). A Leitura, com seu mega estande, ao lado do da Casa de Quadrinhos, tinha algumas coisas que valiam à pena (principalmente se você é do interior), mas, assim como a Comix, nada diferente do que se vê em suas lojas físicas, ou de internet. O grande lance, desses “grandes”, é a possibilidade de tentar negociar o preço (pechinchar mesmo) e eliminar o frete. Pra colecionadores e fãs de Batman, aconselho a Poiso Ivy (Era Venenosa), uma estatueta linda (cara) mas que vale cada centavo. Infelizmente, esses produtos vêm em poucas unidades e, essa peça em questão, vi apenas duas (mais a de exposição). Outras peças que me chamaram a atenção foram as do Lanterna Verde (cara, eu sou fã e juro que o dedo coçou pelo garage kit oficial do Green Lantern: Rebirth).

Bom, vi muito mais coisa no evento, mas acho que vou guardar algumas coisas pros próximos posts. Mas uma coisa eu já percebi e deixo bem claro: o momento é das webcomics. Todas fantásticas, fugindo e muito do padrão nipo/americano que víamos nos últimos anos. Parece mesmo que o Brasil gerou essa identidade própria. Algo realmente contemporâneo, algo que enche os olhos de quem lutou ou luta nesse mercado.











Fico feliz de ter participado da criação do primeiro FIQ e, hoje, vejo o retorno disso com sorriso nos lábios e uma vontade enorme de dizer que valeu cada gota de suor dos primeiros anos e noites em claro pra montarmos estandes. Ainda que o evento pareça um tanto menor de estrutura física, o mesmo é um lugar fabuloso e que nos faz conhecer novos talentos e coisas que virão fazer sucesso um dia. Por que é disso que se trata o FIQ e, citando o sr Afonso Andrade: “(...) são esses malucos e apaixonados que tornam isso possível.”

Webcomics in da House - Lotada
Preciso respirar!