sábado, 2 de março de 2013

Skyfall - crítica?


O que falar de 007: Operação Skyfall? Bem, usarei as palavras do meu irmão quando lhe perguntei qual era a mensagem do filme: “-Meu nome é Bond, James Bond.”- Acreditem, ele respondeu na brincadeira, mas acertou em cheio.


Pra mim, dos três filmes de Daniel Craig como o 007, Cassino Royale é o melhor. Sou fã do personagem e suas aventuras quase impossíveis. É, sem dúvida, um ícone da cultura pop/cult do cinema e geral. Mas “Operação Skyfall” é muito bom. Tem uma métrica bem legal e centra numa discussão paradoxal da atualidade: “o velho contra o novo”. Em um diálogo de Bond com “Q” (não é o de Star Trek), o último (atual contramestre da MI6) é até menosprezado pelo principal agente da Rainha.

“-Com licença.

-007... Eu sou o agente Q.

-Você tá de brincadeira.

-Só porque estou
sem o meu jaleco?

-Porque ainda
tem espinhas no rosto.

-Minha aparência não é relevante.

-Mas sua competência é. (...)”

 O resto do diálogo é a continuação da apresentação de “Q”. Um jovem cientista, com aparência totalmente inofensiva, sem experiência em campo e (aparentemente) em um serviço burocrático, coisa que Bond deixa bem claro que odeia.

Esse paradoxo entre velho e novo continua por todo o filme. Aliás, ressalva pro roteirista que conseguiu não colocar nada altamente tecnológico ou “extravagante”. Na verdade, sentimos até uma certa falta dessas coisas. Um carro todo alterado, uma “caneta explosiva”. Sim, amantes da velha escola do super agente 007 irão sentir essa saudade, afinal, é disso mesmo que o filme se trata e o faz muito bem.

Podemos considerar “Operação Skyfall” um rito de passagem, bem como um alerta. Fazendo um paralelo com a “vida real”, todos somos obrigados a evoluir, a tornarmos mais adequados às novas formas de trabalho, ao mesmo passo em que o sr tempo começa a nos dar sinal de sua existência. A cena do elevador, onde a mão do agente começa a não suportar seu próprio peso, e as expressões de Daniel Craig, ao detonarem o clássico DB5, são umas dessas “citações”. Ahhh! As citações. Vou retratar aquela, que talvez mais tenha me marcado. “M” em meio a um “julgamento” (pra mim, aquilo era um julgamento burocrático, totalmente anti-ético. Achei sacanagem com a “M”, mas isso é o fã falando):


“Não tenhamos agora a força que em velhos dias
Movia Terra e Céu; o que nós somos, somos;
Um igual temperamento de heróicos corações,
Fracos por tempo e fado, mas fortes em seguir
A lutar, a buscar, a achar e não ceder. ”

“We are not now that strength which in old days
Moved earth and heaven; that which we are, we are;
One equal temper of heroic hearts,
Made weak by time and fate, but strong in will
To strive, to seek, to find, and not to yield.” - Tennyson


Se pudesse dizer mais alguma coisa, diria que, pra mim, foi uma saída clássica, ao mesmo tempo que era uma declaração do próprio obituário. “M”, como sempre, bem centrada em seu trabalho. Uma dama inteligente, determinada e comprometida com seu país e conhecedora do destino que lhe era imputado. Uma mulher forte que não recuou, nem mesmo no pior momento (me refiro à ordem de tiro contra Bond).

Em termos de técnica, Operação Skyfall peca pela continuidade. Muitos erros simples, de tal forma que foram percebidos com menos de 15 minutos. A citar, motos nos telhados; close-up em Bond dentro do carro, chegando à nova base do MI6; o Land Rover que sua parceira dirigia ainda tinha para-brisa, quando a própria o arrancou. Enfim, muitos, muitos erros mesmo. E isso porque só mencionei alguns dos que vi.

No final das contas, 007: Operação Skyfall, é um filme que confronta o clássico e o novo. A aparição do DB5, a arma usada para matar o Silva (sério que o vilão paranóico e ex-integrante do MI6, usando metrô como atentado terrorista é brasileiro?), o “simples rádio” e a arma com assinatura biométrica, além do computador e o erro clássico de “inexperiência” do contramestre “Q”, conectando o notebook ao sistema central do MI6. E nem mencionei o Mallory, que bem poderia ser considerado como o clássico super competente incompreendido.

Sem dúvida, um filme atual, com referências, citações e homenagens aos clássicos do agente mais famoso do mundo, provando que podemos nos adequar ao novo, sem abrir mão daquilo que somos, o qual re-afirma as palavras do meu caro irmão e as de “M”:

“Meu nome é Bond, James Bond.”