quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Uma paz que me ilude



Niten Ichi Ryu, estilo criado por Miyamoto Musashi. Uma arte marcial que faz uso de duas espadas em combate.

Pode parecer estranho a muitos, mas nem todos os samurais utilizavam duas espadas ao mesmo tempo em combate, ainda que levassem ambas à cintura. Musashi Sensei, como relatam as histórias, foi o primeiro a introduzir, de forma consciente, o uso de duas espadas em combate. Alguns historiadores afirmam que foi durante o combate contra os restantes da casa dos Yoshioka, que Musashi Sensei utilizou a técnica, ainda que como um “diamante bruto“.

Seja qual for o motivo, sua vida está perpetuada pela escola que criou, pelos feitos estratégicos, pela batalha contra Kojiro entre tantos outros motivos. Um homem como poucos, um homem que deixou sua marca na história.

Hoje, milhares de quilômetros de sua terra natal, centenas de anos após a sua morte, vemos a importåncia de seus conhecimentos estratégicos, sua sabedoria militar  sua busca pela perfeição. Em seu livro, “Gorin no Sho“ (O Livro dos Cinco Anéis), há passagens de técnicas marciais e militares que deveríamos seguir. Digo isso não como conhecedor máximo da sua obra, mas como um aprendiz, tanto da sua arte como da própria vida.

Um dos pontos que mais me chamam atenção, é quando Musashi Sensei explica sobre as posições dos pés. “Os pés não devem estar diferentes de como andamos normalmente(...)“ parece óbvio à muitos, mas quase ninguém se lembra disso. Pra outros, no entando, manter uma posição normal, de tempo de paz, em meio aos inimigos e desafios parece loucura. Digo a vocês que não é. Uma pessoa, que tem conhecimento do que faz, se mantém com um olhar leve e tranquilo frente ao problema. E não é porque ela não vê problema, mas porque possui a sabedoria de que, se intimidar pelo desafio, apenas a tornará mais fraca nesse combate.

Muitos de nós, ocidentais, deixamos a guarda baixa, principalmente em culturas pacíficas como a nossa. Não temos guerras, lutas e perseguições em nosso país, pelo menos não como no oriente médio, indochina e afins. Não temos furacões ou terremotos, coisas que obrigam outras nasções a se manterem alertas todo o tempo. Isso nos induz à despreocupação. Um falso “paraíso“, levando-nos a um comportamento desleixado.


Se nos abatemos frente aos problemas e desafios é culpa de nossa própria natureza de sossego. Culpa do nosso despreparo, consequência de uma sociedade pacata e acomodada.

Pés como andamos normalmente... como andamos normalmente? Atentos? Desleixados? Firmes ou como um bêbado, derrotado pela amargura de sua própria vida?

Uma postura firme em combate tem que ser a mesma postura firme do tempo de paz. Não apenas para enfrentarmos um desafio, mas também sabermos discernir entre o bom e o mal. Pra podermos aproveitar melhor as bençãos da vida e valorizar cada momento desse mesmo tempo de paz.

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