O que dizer do segundo
dia de festival? Bem, não participei de nenhuma palestra, mas acabei
aproveitando pra conversar com Marcos Noel, autor das tirinhas de Gie Kim. Aproveitei e comprei o livro de tirinhas dele (com
dedicatória). Aliás, falando de Gi e Kim, sábado tem sessão de
autógrafo com o autor.
Se você insiste... |
Como disse, gosto mais
de ver o trabalho dos editores independentes. Essa turma rala muito e
inova muito também. São eles que arriscam e tentam mesmo um lugar
ao Sol. Nesse FIQ, tivemos uma boa distinção entre esses
produtores, mas uma coisa é clara: os webcomics tomaram conta dos
dois primeiros dias. Encabeçados pelo Um Sábado Qualquer (CarlosRuas) e Mentirinhas (Fábio Coala), o estande dos webcomics é, de
longe, o mais disputado. São livros, posters, canecas,
lembrancinhas, camisas e pelúcias (essas com selo do Inmetro e de
qualidade incontestável). E não são apenas quatro autores não.
Temos muitos autores de internet, Wesley Samp, com seus Os Levados da Breca, é outro que se junta ao estande da Webcomics in da House. E isso, com
certeza é o trunfo desse estande. Com tantos autores conhecidos do
público reunidos num único estande, acaba alavancando suas vendas
e a publicidade do material. Muitos leitores até marcaram de
encontrar com os autores via Facebook e Twitter e acabam conversando com eles. E cada um
mais prestativo que outro.
Pandemônio é outro
estande que só vive lotado. Muitas artes gráficas de qualidade
também. Confesso que hoje não me dediquei muito ao estande porque
acabei me atendo às conversas com Marcos Noel, Wesley Samp, Carlos
Ruas e demais da Webcomics in da House. Gastei uma graninha lá
também, afinal, é um FIQ, é óbvio que irei pegar algumas (muitas)
coisas. Não consegui favorecer todos, mas adquiri um livro de Gi e
Kim, um Buteco dos Deuses, uma caneca com ilustração do Wesley Samp
entre outras coisas.
Box do Card Game Mercenary Crusade |
Outro produtor que me
chamou atenção foi a Kaplan Project Comics. Eles foram os únicos
que trouxeram algo realmente fora do senso comum. Além das
tradicionais revistas, trouxeram pro evento um card game baseado em
sua webcomic. Ousaram. E é isso que me faz querer dar um tratamento há mais nesse post. Mercenary Crusade (jogo baseado na webcomic homônima)
é de fácil aprendizado, com um sistema simples de combate, podendo
ser jogado por até quatro jogadores simultâneos. O deck é
completo, ou seja, não precisa se preocupar com cartas raras e
compras futuras. São 130 cards com 12 fichas de personagens. Tenho
que admitir que sou muito fã de jogos de tabuleiro e card games e,
talvez, por isso tenha me chamado tanta atenção.
Como muitos sabem, é a
terceira edição que não participo trabalhando no FIQ. E nesses
três eventos, venho coletando material que seja a cara do FIQ
daquele ano. A regra básica é ser de baixo custo e ser de algum
produtor independente. Sendo assim, entra pra minha “coleção”
do FIQ. Ainda me arrependo de não ter feito isso nos eventos
passados, mas nunca é tarde pra começar. Ano passado foi Jesus
Rocks. Uma HQ muito divertida e bem trabalhada, cheia de referências
do universo Rock' n Roll. Custava R$5,00 e, ainda hoje, é possível
encontrá-la no evento de 2013, com o mesmo valor do evento anterior.
Mas o porquê dessa explicação? Bem, Mercenary Crusade me fez
quebrar uma regra: o baixo custo. O jogo custa R$40,00, mas vale cada
centavo. Acreditem, é simples, divertido e tem a cara do 8º FIQ. É
um card game baseado em uma webcomic e só por isso já me chamou
atenção. No post anterior, eu falei da felicidade que tive ao ver a
galera da Webcomics in da House com tantos admiradores e alguns até
com dedicação exclusiva ao seu trabalho. Por isso eu digo: vale a
pena conferir o trabalho da Kaplan Project Comics. Se não estiver
disposto a gastar muito, tem outros trabalhos deles, igualmente
primorosos, como uma série de tirinhas de Jason e Fred Kruger, no
melhor estilo Happy Tree Friends, entre outros mais. Dos produtores
independentes, são os que têm maior diversidade de material
próprio.
Do outro lado desses
produtores independentes, temos os desenhistas e quadrinistas da “old
school” (por assim dizer). Muito material impresso bacana, muita
pegada de fantasia e aí vemos uma outra distinção entre esses
produtores. Enquanto as webcomics possuem características cartoons e
chargistas, os “zines” têm (em sua maioria) um apelo mais comics
mesmo, ou graphic novels. Acho que esses merecem um capítulo à
parte, talvez no domingo eu entre em mais detalhe. E não é por
enrolação não, é pra me dedicar mesmo a falar deles com mais
cuidado e respeito. Afinal, as webcomics estão aprendendo a andar.
Ainda tem chão pra percorrer, enquanto seus antecessores, com toda a
experiência de vida, nos ensinam a nunca esquecermos nossas origens
de crítica, humor, inovação, coragem pra correr riscos e cometer
erros. Em resumo, experimentação. É disso que falamos quando nos
referimos aos produtores independentes. É o fugir do senso comum,
como Allan Moore e Warren Ellis fazem, sem medo.
Bom, esse foi o segundo
dia do 8º FIQ pra mim. E espero que, se ainda não foram, aproveitem esse feriado e se divirtam no FIQ. Gastem tempo, conversem com seus autores
favoritos, conheçam outros produtores e não esqueçam de incentivar a produção desse material. Afinal, é com o retorno que vocês dão que se torna possível todo
esse mundo.
Eu, Marcos Noel e Gisele Noel |