Estamos vendo uma mobilização mundial para equipamentos de "defesa", bem como a
manutenção da soberania de seus territórios, sem mencionar o medo de terrorismo.
Recentemente, o Brasil finalizou a compra de 36 caças Gripen/NG, referentes ao programa FX-2, que compete a renovação do
arsenal da FAB. Essa história do programa brasileiro se estendeu por mais de uma década,
antes mesmo do governo Lula, e hoje influencia na escolha de concorrentes dos programas armamentícios de potências nucleares como a Índia. E não é só de aeronaves que vive
um programa armamentício. Tivemos
compras de novos mísseis, novos radares, helicópteros, navios, tanques e etc. E
qual o motivo disso? Mercado? E desde quando temos essa movimentação? Será por
causa da crise Ucrânia/Rússia? Será culpa do Estado Islâmico?
Se analisarmos
com cuidado, perceberemos que uma decisão de “melhoria” do exército não se faz
da noite pro dia, ainda mais com cifras exorbitantes que estouram os bilhões de Dólares (aliás, essas vêm aumentando pra cada um que anuncia um novo investimento
na área). Isso não seria nada alarmante se o mundo não estivesse vindo de uma “marcha
contra o terror”, de brigas para desarmamento (nuclear ou não), críticas ao uso
de armas de destruição em massa e afins. Ora bolas, se existia essa “busca pela
paz”, por que o investimento em equipamentos bélicos? Está certo que o 11 de
setembro desencadeou uma caça aos terroristas, mas era contra uma (digamos) “categoria
extremista de arruaceiros”. E agora temos outro grupo extremista, que (“incoerentemente”)
tem como alvo o mesmo personagem que seu antecessor. Certo. Isso quer dizer que
os recursos destinados a combater o primeiro agora foram direcionados ao segundo.
Plausível. Mas e a “galera do fundão” que não tem nada a ver com a história? E aquela
turminha que está se mobilizando “de repente”, munindo-se de equipamentos de
última geração e (sim, isso é uma crítica generalizada) EXIGINDO a transmissão
de tecnologia pra criação e desenvolvimento das mesmas (podendo até revender a
terceiros)?
Entendam:
é necessário que um país tenha uma força militar, seja pra defesa de território
ou de sua população. O mesmo também deve deter todo o conhecimento necessário
pra manter suas tropas e não se colocar em posição desigual, arriscando
invasões e ameaças (sejam elas quais forem). O contestado aqui é a rapidez com que
os países, que lutavam por um mundo pacífico, desembolsaram bilhões de Dólares
em questão de semanas após a movimentação econômica começar a convalescer e não
o fato de atualizarem suas defesas.
Lembrando
de um filme interpretado por Nicolas Cage, O senhor das Armas, o mesmo cita que
o mercado de armas é extremamente lucrativo, inclusive pra uma nação em crise.
Os EUA estavam quebrados antes da Segunda Grande Guerra (culpa da crise de 29).
Assim que a guerra se instaurou, suas fábricas estavam abarrotadas de
trabalhadoras que cuidavam também da casa, enquanto os maridos eram enviados
pro front. O desemprego foi quase extinto em território Norte Americano. O
mesmo ocorreu na Alemanha, que conseguiu acabar com uma inflação de números
astronômicos, simplesmente “declarando guerra” a uma “raça inferior”. E por que
estou citando isso? Porque parece que estamos revivendo a história. O palco
ainda é a Europa, com crise de emprego, financeira, intolerância de todos os
gêneros e uma capacidade de não aceitar o “externo”.
http://missangolaoficial.sapo.ao/fotosEnquanto ao norte do Equador, países se mobilizam e discutem sanções, abaixo do mesmo, crianças são dilaceradas, vilas inteiras extinguidas da face da Terra. A linha de pobreza pra esses é tão alta que qualquer R$1,00 é um tesouro inestimável. “-Mas e daí? Não é comigo, então...” – enquanto essa violência não chegou ao seu quintal, não houve mobilidade política. Não teve mercado real de vendáveis e consumíveis. É tanto “We are...” e “Je suis...” em capa de jornal que chega a comover. Tudo muito bom, muito bonito, mas pra quê? Tem hora que realmente gostaria de não ver esses nuances por trás de cada “movimento social”. Por trás de cada gesto de “compaixão política”, enfim...
As guerras hoje travadas
em solo pobre, não geram custos pra Europa e seus “acólitos”. Mas quando essas
guerras apareceram como uma pequena luz ao fim do horizonte, a primeira coisa
que fizeram foi se mobilizar. Enquanto não mexeram nos seus recursos e matéria
prima, apenas viravam os olhos, fingindo não ver e dizendo “-Não posso
invalidar a lei de um país soberano”. Quão bonito foi ver o discurso, de tantos
líderes europeus criticando a Mãe Rússia quando essa resolveu ajudar seu povo. Como
foi divertido (sério, eu ri mesmo) ver gente criticando a ação do presidente
russo, impondo sanções e afins, só porque ele resolveu proteger os seus em meio
aos “espólios de uma guerra civil”, que destroçou parte da região majoritariamente
de russos, esquecidos pelos dirigentes daquele país. Gargalhadas não faltaram
quando inúmeros acusavam a Rússia de invadir e tomar a Criméia, enquanto eu
dizia que não fez nada demais, se comparado a um ocidental que ignorou as leis
que o mesmo criou, lançando mão de mentiras pra justificar suas ações. Hoje,
esses mesmos políticos que defendiam as sanções (em meio à despreocupação da
Rússia quanto às mesmas), vendo que poderiam perder muito mais que ganhar, resolveram acabar com as sanções ou ao menos diminuí-las.
Mas nem todo mundo sabe
disso. Nem todo mundo leu sobre isso. E por quê? Porque na vida, assim como um
mágico, devemos chamar atenção com gestos da mão esquerda, para usarmos a
direita com liberdade.
E é assim que chegamos a
esse movimentar e aumentar de tropas nesses países. Com certeza, esses bilhões
de Dólares não foram separados semana passada. Esses exércitos não se
multiplicaram da noite pro dia. Existem conflitos mais extensos que nós nem
sequer imaginamos. FMI reconheceu que precisa se atentar para os países da
América Latina, justamente quando a BRICS anunciou a criação de seu próprio
banco de financiamento para diversos países (incluindo a Argentina e demais
membros do Cone Sul também). EUA voltam a abrir relações comerciais com CUBA,
antes disso, disseram que “é hora de enxergarmos e voltarmos a atenção para
nossos irmãos africanos” (Aham, Cláudia...). A OTAN já foi criticada também.
Dia-a-dia, os recursos estão cada vez mais escassos. O consumismo cada vez mais
exacerbado e a “liberdade confundida com libertinagem” (como diria meu pai) ou
simplesmente censurada por ser contrária à ideologia de mercado atual. Tudo isso
servindo como um picadeiro de circo pra todos nós, enquanto a verdadeira
política está sendo travada às escondidas. Acham mesmo que está tudo bem na
Europa e G8? Acham mesmo que o derrubar do ditador da Líbia sem a manutenção de
tropas no país após essa intervenção da ONU/OTAN se difere da decisão de manter
tropas no Iraque?
http://regras.net/jogo-war/ Vivemos uma situação de cuidado, de prevenção e nossos representantes sabem disso. Cabe a nós ficarmos em alerta. Sabermos enxergar esses passos, essa movimentação e vivermos sem medo, mas com a atenção devida para evitarmos surpresas.